Na sua 13ª edição, a OBL olha para o mundo, mas o mundo visto daqui. Vivemos em uma grande massa de terra do planeta, separada das demais por dois oceanos. Chamamos essa terra por um nome – América – dado em homenagem de um explorador de outro continente que, junto com outros exploradores, colonizaram, reduziram e exterminaram boa parte da grande diversidade de povos que viviam aqui. Esses povos, suas culturas e suas vidas resistiram e seguem resistindo.
Hoje, no meio da grande crise social e ambiental da nossa época, aumenta a lembrança da riqueza e da sabedoria guardada pelos povos originários da nossa terra. Estamos chegando ao fim da Segunda Década Internacional dos Povos Indígenas, enquanto, pela primeira vez, os povos indígenas tem representação direta nos órgãos de governo do nosso país. Autores, professores, artistas e cientistas indígenas tem nos ensinado tanto e cada vez mais.
Para este ciclo da OBL, adotamos o termo que os movimentos indígenas usam para se referir ao nosso continente: Abya Yala, um nome da cultura Kuna do Panamá, que significa "terra amadurecida". Nascido no cordão umbilical do nosso continente, esse nome é especial para esta edição, que culmina em julho de 2024 com a primeira ocorrência da Olimpíada Internacional de Linguística no hemisfério sul do planeta – na cidade de Brasília. Receberemos o mundo todo no nosso mundo, abrindo novos horizontes, desvelando os tesouros do nosso próprio lugar e fortalecendo as condições para que ele continue frutificando e sustentando o céu.
A primeira fase esteve disponível entre os dias 15 e 25 de setembro de 2023, de forma online. Foi realizada por mais de 11000 participantes de cerca de 1100 escolas, em todos os estados da federação. As provas contaram com 18 questões, distribuídas em três ciclos de dificuldade crescente (com 9 questões no ciclo I, 6 questões no ciclo II e 3 questões no ciclo III).
A segunda fase ocorreu no dia 21 de outubro de 2023 de forma virtual, contando com 1762 participantes. Os participantes das categorias Regular e Aberta resolveram problemas envolvendo sílabas tônicas em mari, relações familiares em groenlandês, orações em fulfulde escritas no alfabeto ADLaM, orações em yawalapíti e números em muan. Por sua vez, os da cateogira Mirim resolveram problemas envolvendo possessivos em squamish, sistema de escrita cherokee e relações familiares em groenlandês.
A partir desta prova foram distribuídas, para a categoria regular, 19 insígnias de papel (prêmio I), 51 insígnias de pergaminho (prêmio II), 76 insígnias de papiro (prêmio III) e 110 insígnias de palma (prêmio IV), além de celebrar 25 campeões estaduais. Para a categoria mirim, foram distribuídas 79 insígnias de papel (prêmio I), 92 insígnias de pergaminho (prêmio II), 79 insígnias de papiro (prêmio III) e 87 insígnias de palma (prêmio IV), celebrando, também, 17 campeões estaduais. Por fim, para a categoria aberta, foram distribuídas 1 insígnia de papel (prêmio I), 9 insígnias de pergaminho (prêmio II), 4 insígnias de papiro (prêmio III) e 11 insígnias de palma (prêmio IV).
Foram convidados para a Escola de Linguística de Outono 2024 estudantes ganhadores de papel e pergaminho e campeões estaduais, mantendo igualdade numérica de gênero, totalizando 74 convidados. A ELO ocorreu entre os meses de fevereiro e maio de 2024, de forma híbrida. Os estudantes participaram de palestras e oficinas, online e presencialmente, atividades de integração e quatro atividades olímpicas: a Obelepédia, o Rolezinho Linguístico (mini-projeto de pesquisa), a Prova e a Assembleia.
Na Obelepédia, os alunos produziram artigos para a Wikipédia lusófona sobre línguas diversas, com destaque para os artigos das línguas iúpique do Alasca Central, armênia, cebuana, rajbanshi e wapixana. O Rolezinho envolveu envolveu pesquisas sobre: estratégias de proteção da face aplicada a anúncios publicitários (campo P'istu); funcionamento discursivo sobre a linguagem neutra (campo Chícham); processamento pronominal e correferencial (campo Yuya); preconceito linguístico na mídia televisiva (campo Shakinguen); e formas não tradicionais de intensificação (campo Alluxa). A prova conteve problemas envolvendo tons em seneca, orações em paunaka, orações em nez perce e substantivos em savosavo. A assembleia envolveu debates e construção de consenso em torno dos temas: autonomia versus suporte do governo em processos de revitalização linguística, internacionais; convivência interétnica na trasmissão intergeracional da língua e o grau de reconhecimento ou promoção do português indígena no ensino de português em escolas indígenas. A organização da Assembleia neste ano contou também com apoio da Sociedade de Debates Hermenêutica/UnB e da SiNUS 2024.
A partir das notas de cada uma dessas atividades olímpicas, além da nota de cada estudante na segunda fase, os 8 melhores colocados foram selecionados para representar o Brasil na Olimpíada Internacional de Linguística (IOL) de 2024.
A vigésima edição da IOL aconteceu entre 23 e 31 de julho de 2024, em Brasília, Brasil, pela primeira vez em algum local do Hemisfério Sul. O Brasil, além de organizar esta edição da IOL, participou com dois times:
Time Kûarasy
Time Îasy
Em 2024, os problemas individuais versavam sobre a morfologia koriak, sintaxe hadza, termos genealógicos em komnzo, semântica em dâw e diglossia entre homens e mulheres em yanyuwa. A prova de equipes envolveu lexicoestatística, a classe de consoantes de Dolgopolsky e algoritmos para computar famílias linguísticas.
A equipe foi acompanhada pelos líderes Rafaella Barbosa, de São José dos Campos/SP, e João Otavio, de Brasília/DF.