EDIÇÃO MĂRGELE

As contas carregam consigo a história das relações entre os mais diferentes povos. Sua criação parece ter acontecido nos anos 2300 a.C. na região do Cáucaso. De lá, espalharam-se pela Mesopotâmia e pelo Egito Antigo, onde eram usadas como símbolo de poder pelos faraós. Os romanos também se fascinaram por elas, usando-as para escambo. O alto escalão do império usava contas em pedras preciosas, enquanto o resto da população usava contas de vidro. Durante a Idade Média, a Igreja Católica condenou seu uso como costume pagão, para depois retomá-lo em uma forma cristianizada, o rosário, inspirada em um costume hindu e budista, o mala. A partir da expansão marítima dos europeus, as contas de vidro e de sementes foram incorporadas às práticas culturais dos povos nativos americanos e africanos, enquanto às de pedras preciosas permaneceram restritas aos dominadores europeus. No Brasil, a palavra para os colares de contas é de origem africana: miçanga, adaptada da palavra na língua quimbundo massanga, plural de kussanga -- encontrar, convergir. Até hoje, as contas de miçanga são bastante usadas pela indústria da moda.

Nesta edição da OBL, fomos buscar essa carga simbólica na palavra mărgele, plural de mărgea, que quer dizer “miçanga” em romeno. Afinal, o fio remanescente latino que liga as diferentes línguas românicas (incluindo o português, o romeno e outras) compõe um dos muitos cordões que nos ligam a diferentes povos, suas línguas, histórias e culturas. As contas são como a materialização do contato entre os povos, garantindo uma experiência única, corpórea e de aproximação entre o coletivo e o individual -- afinal, as miçangas compõem, com sua individualidade, um todo maior, reluzente e belo.

PRIMEIRA FASE

A prova online esteve disponível entre 20 e 24 de setembro de 2017, e contou com cerca de 2.600 participantes, provenientes de 546 escolas (além da categoria aberta), de 26 dos 27 estados da federação. Os 24 problemas de múltipla escolha envolviam diferentes temas de língua, linguagem, cultura e cognição.

SEGUNDA FASE

A segunda fase ocorreu no dia 21 de outubro de 2017, em 28 polos espalhados pelo país e em outras aplicações locais. Cerca de 200 participantes resolveram problemas envolvendo a fonética do inglês, a escrita cuneiforme persa, interpretação de texto em romeno, a língua laz, a língua Maxakalí e análise de texto em crioulo cabo-verdiano.

A partir desta prova foram distribuídas 22 insígnias de papel (prêmio I), 45 insígnias de pergaminho (prêmio II), 54 insígnias de papiro (prêmio III) e 80 insígnias de palma (prêmio IV).

ELO 2018

Os estudantes ganhadores das insígnias de papel e pergaminho foram convidados para a VII Escola de Linguística de Outono, que ocorreu entre 9 e 14 de abril de 2018, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Lá os estudantes tiveram palestras, oficinas, atividades de integração e três atividades olímpicas: uma prova individual, uma mini-seção de pesquisa de campo e uma rodada de debates.

A prova continha problemas envolvendo traduções em mẽbêngôkre, numerais alamblak, sintaxe matokki e expressões em estoniano. O rolezinho envolvia pesquisas sobre expressões de tempo verbal no português, funções das formas imperativas, estratégias de negação, perfil sociolinguístico de estudantes universitários, e o discurso das pixações. E o debate tinha como temas os limites de proficiência dos assistentes virtuais, reinvidicações linguísticas dos movimentos sociais identitários, o uso dos kanji no japão contemporâneo, dados linguísticos vs genéticos e arqueológicos para a genealogia dos povos, formas não-verbais de comunicação humana e comunicação animal.

IOL 2018

A décima sexta edição da IOLaconteceu entre 25 e 31 de julho de 2018, na Česká zemědělská univerzita v Praze, em Praga, República Tcheca. O Brasil participou com duas equipes:

Time Pães:

  • Artur Corrêa Souza (Colégio Santa Dorotéia | Porto Alegre, RS) - (Melhor solução)
  • Brendon Diniz Borck (Colégio Farias Brito | Fortaleza, CE)
  • Jade Yarden Steinmetz (Pereira Barreto | São Paulo, SP)
  • Pedro Marinho Rocha (Sartre COC | Lauro de Freitas, BA) - (Menção honrosa)

Time Pões:

  • Ana Luiza Nunes (Escola Estadual São Pio X | São Gotardo, MG)
  • Catarina de Freitas Oliveira (Colégio Farias Brito | Fortaleza, CE)
  • Gustavo Palote da Silva Martins (Instituto Federal do Paraná | Londrina, PR) - (Prata)
  • João Henrique Oliveira Fontes (Colégio Militar do Rio de Janeiro | Rio de Janeiro, RJ) - (Bronze)

Em 2018, as questões individuais versavam sobre marcas tônicas na língua creek, sintaxe na língua hakhum, flexões em terena, formas numéricas em arapesh das montanhas (bukiyip) e relações familiares akan. A proa em equipes, por sua vez, tratava de mudanças regulares entre as línguas indígenas brasileiras Mẽbêngôkre, Xavante and Krĩkatí. A prova em equipes, por sua vez, esperava que os alunos fizessem a correspondência, frase por frase, da Declaração Universal dos Direitos Humanos em armênio e em português.

A equipe foi acompanhada pelos líderes Abel Batista de Santana Filho e Eduardo Cardoso Martins, ambos da UnB.